"Então, amiga! Gostava
de fazer-lhe uma pergunta: Quando está mesmo sozinha, em que pensa? Quando não
tenho ninguém por perto, muitas vezes divago e volto ao passado. Lembro a minha
querida mãe, na sua alegria e na sua imaginação nesta quadra de Natal,
trabalhando afincadamente com as suas mãos ligeiras e habilidosas para nos
fazer uma roupa nova...Gosto de pensar naqueles Natais quando os meus filhos
eram crianças e como eles adoravam as surpresas que tínhamos para eles. Lembro
ainda dos Natais em que as minhas netas, pequeninas, se metiam debaixo da
árvore e passavam em revista cada presente, sacudindo para adivinhar o que lá
estava dentro...tudo isto é mesmo passado. Os meus pais já partiram, os meus
filhos cresceram e as minhas netas são mulheres independentes hoje.
Estes
tempos não duram para sempre. A vida avança e parece que cada vez é com mais
rapidez...os que amamos partem para sempre, outros vão viver longe de nós, e
esses lugares nunca mais vão ficar preenchidos nas festas. Hoje com tanta
tecnologia, podemos ver quem está longe, falar ao telefone, mas...não e a mesma
coisa... Estar longe de quem amamos numa altura como o Natal, pode trazer muita
tensão à nossa vida. Pode levar-nos a sentir depressão, solidão e tristeza.
Gostava de contar-vos uma história que me aconteceu num dos meus aniversários. Nenhum dos meus
colegas, alunos, amigos se lembrou desse dia. Parecia que um vendaval de
esquecimento tinha varrido o MEU DIA da sua memória. Tinha mandado fazer um
lindo bolo de aniversário para comermos juntos, mas o bolo ficou guardado.
Aliás, fiquei tão triste que só tinha vontade de deitar fora o bolo!!
Entretanto uma das minhas irmãs telefonou-me, também ela se tinha esquecido do
meu aniversário, mas aí tomei uma resolução e disse: Olha tenho algo muito
importante para celebrar com vocês, podemos ir aí a casa à noite? Eu levo um bolo! E fomos. Quando ela viu o bolo de aniversário, foi uma risada! E o que poderia ter
sido um dia muito infeliz, tornou-se em algo que ainda hoje lembramos. Eu saí da minha tristeza e juntos celebramos a
vida!
A Bíblia conta a história de um homem que
resolveu dar uma grande festa. Manou os seus servos convidar algumas pessoas
para o grande banquete que queria oferecer. Imagine que cada uma das pessoas
convidadas se escusou com uma desculpa: um porque tinha casado, outro porque
tinha comprado uns bois e queria experimentá-los, outro ainda porque tinha
comprado um campo e queria examiná-lo. O servo voltou contando isto tudo. O
homem ficou muito zangado e disse aos criados: “Vão rapidamente às ruas e becos
da cidade e convidem os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos”.
Há muito que podemos aprender com esta
história, mas uma das lições importantes tem a ver com o que falamos hoje. O
homem convidou várias pessoas que recusaram aparecer para a festa. Ficou
magoado e até zangado, mas em vez de ficar a remoer na desfeita e nas desculpas
esfarrapadas das pessoas que tinha convidado, convidou outras pessoas e desta
vez, pessoa que possivelmente estavam tristes, e sós.
Quando a vida nos tira os
lugares e as pessoas que amamos, podemos segui o exemplo deste homem, podemos
estender a nossa mão a outros e convidá-los para a nossa vida. Isto tem-me acontecido
muitas vezes. Durante tempos difíceis, tenho escrito a amigos que sei estarem
em sofrimento por causa de uma perda, também já convidei pessoas para a nossa
mesa de Natal que não tinham nada a ver com a nossa casa. Lembre-se daquela
amiga que nos convidou para a sua casa durante o nosso luto...É isso, podemos
sempre estender a mão para outros. Não precisamos ficar sozinhos. Natal deve
ser ainda celebração, mesmo que nos sintamos tristes cá dentro. Vá lá,
levante-se da sua solidão, da sua dor e até do abandono em que possa estar e
saia, dê a mão a outra pessoa, há tanta gente a precisar. E viva este Natal com
alegria. Foi isso que os anjos disseram aos pastores nas campinas de Belém na
noite em que o Salvador nasceu: Trago-vos novas de grande alegria!
A maior de todas as notícias é saber que
Jesus veio para se identificar com a nossa natureza, que inclui, sofrimento,
solidão, dor e saudade.
Tenha um Natal abençoado e feliz!"
Conversas da Alma do programa Mulheres de Esperança ("Natal Triste" /13)
Autoria: Sarah Catarino
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