E SE ME ACONTECE A MIM?
"A sua bondade é renovada cada manhã e grande é a sua fidelidade." - Lamentações de Jeremias 3:23
Depois de
explicação mais ou menos esclarecedoras que recebemos sobre o cancro da mama, ainda assim somos assaltadas
por um enorme receio: “E se me acontecer a mim? Como vou lidar com tamanha aflição
e com tão grave doença?”
É aqui, que entra um elemento muito importante e que o indivíduo nunca pode
colocar de lado: a ESPERANÇA.
A esperança é a expectativa de algo bom. Isto é, se estiver doente e a sua mente ficar focada apenas na doença, nos tratamentos, no
medo de piorar ou até de morrer, a sua vida perde desde já o sentido e a
oportunidade de felicidade.
Já vi pessoas que, apesar de muito doentes, conseguiram até ao último minuto da sua vida sorrir e
até dar coragem aos outros, exactamente porque a força da esperança as
empurrava, as levantava e dava coragem e alento.
Li um pequeno
poema de Alexander Graham Bell que dizia mais ou menos isto:
"Quando uma porta se fecha, outra se abre,
Mas, geralmente olhamos com saudade e tristeza
Para a que se fechou
E por isso, não vemos aquela que se abriu
Diante de nós."
Ninguém deseja
ou espera ficar doente, mas essa é a realidade da vida que vivemos. Qualquer um
de nós, sem pensar, sem nada fazer para isso, pode contrair uma doença que não
esperava e é exactamente aí que o tal poema nos coloca: fecha-se uma porta, mas
olhemos para outra que vai abrir-se à nossa frente. Há testemunhos incríveis de
mulheres que, ao lutarem contra o cancro da mama se superaram a si
mesmas na força, na coragem não apenas para si mas para os outros à sua volta.
Mulheres que conseguiram “dar a volta por cima”, como costumamos dizer, no
sentido que foram mais longe e atingiram níveis de força e de capacidade
emocional que elas mesmas não sabiam que possuíam.
Um dos profetas
da Bíblia, Jeremias, diz que temos “de recordar aquilo que nos traz esperança”.
E uma das coisas que podemos recordar, aliás, nunca esquecer, é que "a bondade de Deus é muito grande, as Suas
misericórdias não têm fim, são novas a cada manhã...”
Hoje o dia pode
ter sido muito cinzento, as perspectivas muito duvidosas, mas encha o seu
coração de esperança, como enche o seu peito de ar.
E não centre
toda a tenção, não coloque todo o foco na sua pessoa e na sua doença. Lembre-se que há
outros neste mundo a sofrer, pense até que há outros com sofrimento maior que o
seu.
Madre Teresa contou que um dia em que levou um pouco de comida a uma família com
8 filhos cheios de fome. Quando chegou à casa, viu os rostos das crianças
desfigurados pela fome. Neles não viu nem magoa nem revolta, apenas o sofrimento
provocado pela carência do alimento. Entregou o arroz à mãe, que o dividiu
pelos filhos, saindo em seguido com metade do arroz. Quando voltou, Madre
Teresa perguntou-lhe onde tinha ido, ao que a mulher respondeu: “Fui a casa dos meu vizinhos. Eles também
estão com fome!”
A freira não se
surpreendeu com a atitude da mulher, pois as pessoas pobres são em geral generosas. Mas ficou surpreendida, porque aquela mulher sabia que os seus
vizinhos também tinham fome, pois de uma maneira geral, quando estamos
a sofrer, concentramo-nos tanto em nós que já não temos nem espaço nem tempo
para o sofrimento dos outros.
Não deixe de ter
esperança, encha o seu coração desta jóia imensa, para que o seu ou o de outros à sua volta seja vencido.
Deus a abençoe,
neste caminho de esperança!
Texto da autoria de Sarah Catarino retirado do programa de
rádio Mulheres de Esperança (Projecto Ana) produzido pela Rádio Transmundial de
Portugal.
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