O CICLO VITAL DA FAMÍLIA
"...Mas procurem sempre o bem uns dos outros e o bem de todos." - I Tessalonicenses 5:15
Antigamente era tudo mais simples...
Toda a gente sabia o que era uma família, como era composta e entendia como as
coisas se processavam. Famílias disfuncionais, segundo o nosso critério, sempre
houveram, desde os princípios da civilização. E acredito que nessas sociedades
mais recuadas, também teve de haver um ajuste para que as pessoas que faziam
parte desse agregado se sentissem minimamente bem.
Não é nossa intenção trazer a nossa
opinião pessoal sobre o que deve ser a família, como deve ser composta, quem
tem a responsabilidade máxima na mesma etc. São questões muito importantes, são
perguntas que andam no ar, mas o que me proponho abordar é o modo de
poderemos tornar mais feliz e mais facilitada a vivência desse núcleo de pessoas
que estão dentro da nossa casa e ao qual chamamos família.
O que estamos a fazer para que essa vida
melhore? Não estou a pensar em melhores empregos, em casas mais funcionais e
mais baratas, em escolas mais próximas para os filhos. Preocupa-me mais a falta
de comunicação, a ausência de afecto, o esquecimento de valores fundamentais
para a nossa felicidade e equilíbrio emocional.
É verdade que o nosso modo de vida mudou
completamente nestes últimos 20 anos. De uma maneira geral, as mulheres saíram
de casa para trabalhar e os filhos foram entregues aos cuidados de outras
pessoas. O machismo dos homens não acompanhou a independência das mulheres,
isto é, os homens continuam a achar que o seu papel é bem definido, ou seja,
trabalham, lêem o jornal, vão ao café, saem com os amigos. As mulheres agora
independentes, porque também têm salário, carreira e objectivos a atingir,
continuam no entanto a ser ainda donas de casa, mães, professoras,
administradoras do lar e no fim de tudo, amantes. Neste estado de coisas muitas
vezes instala-se uma crise profunda.
Entretanto, as crianças também têm
desejos, de ser ouvidas, amadas, acarinhadas e quando não encontram isso nos
pais, voltam-se para os amigos, procuram nos filmes e nos jogos, rebelam-se e
revoltam-se quando há uma ordem mais firme e mais fora do normal.
O tempo que as famílias deviam
aproveitar para falar, conversar, discutir e rir, é usado agora nos programas
de televisão, nos jogos, na Internet. Já não tem a ver com partilha à volta
da mesa, com os mimos na hora de deitar para os mais pequenos, com conversa, só por
conversar, com os mais velhos.
Em poucas palavras, gostaria de dizer
aquilo que acho dever ser um lar feliz, não ideal, não perfeito, não imaculado,
porque isso não existe, mas um lar onde é possível haver riso e choro, onde as
pessoas são livres para serem genuínas e onde são aceites, não importa os seus
defeitos ou capacidades:
·
Um modelo de amor
Amor entre pai e
mãe, amor renovado, amor de perdão, amor de beijos, carinhos, abraços, afecto.
Amor de recordações doces, amor de interrupções na rotina para ouvir a queixa
de um filho adolescente e o choro de um pré-escolar.
·
Um modelo de cura
Porque é no lar
que devem ser corrigidos os pequenos desvios das crianças. É no lar que devem
ser disciplinadas para que a vida seja regida por hábitos saudáveis. É no lar
que os filhos e os pais aprendem a perdoar-se e a começar de novo, deixando
para trás o que já foi perdoado.
·
Um modelo de comunidade
Uma comunidade é
um grupo de pessoas que tem os mesmos alvos, objectivos e metas. Trabalham
todos para que ela se desenvolva, progrida, tenha sucesso.
É difícil? Claro que é.
É impossível? Não.
Está no nosso querer e na decisão do
nosso coração voltarmos para o que é “puro,
verdadeiro, amável, de boa fama”. Se não o fizermos, os outros à nossa
volta nunca serão influenciados para o bem e teremos uma responsabilidade muito
grande diante de Deus e do nosso mundo.
Invistamos o nosso tempo, energia e compromisso com os nossos filhos com a
nossa família. O resultado será de esperança e segurança para todos.
Texto da autoria de Sarah Catarino retirado do programa de
rádio Mulheres de Esperança (Projecto Ana) produzido pela Rádio Transmundial de
Portugal.
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