DEUS FEZ O MESMO CONNOSCO
"Ele destinou-nos para sermos seus filhos por meio de Cristo, conforme era seu desejo e vontade..." - Efésios 1:5
Há muitos anos
conheci um casal que adoptou uma menina. Não podiam ter filhos por questões
graves de saúde e optaram pela adopção. Nunca estivera tão perto de uma
família com um filho adoptado e, para mim, conhecer a sua vida, o seu modo de
agir com aquela criança, foi uma lição de vida que nunca mais esqueço. Na
altura, a menina deveria ter perto de dois anos, a idade em que começam a falar e a perguntar tudo. Os pais, desde a primeira pergunta “como é que eu
nasci?” pergunta que mais cedo ou mais tarde todas as crianças fazem, contaram
à menina que ela viera “do seu coração”.
Quando uma
criança ainda de tenra idade entende que veio do coração dos pais, sabe que
é aceite, amada, escolhida. Já ouvi pais queixarem-se que os filhos adoptados ficam
magoados por esse facto e realmente há factores que envolvem a adopção, alguns
deles bem difíceis de gerir, mas o modo como essa criança é aceite e tratada,
faz toda a diferença. Na realidade, a paternidade não tem a ver com o
património genético que transmitimos a um filho, mas com o momento em que o
aceitamos como tal. É esse primeiro instante, nesse segundo mágico quando olhamos
para o rosto de um filho, biológico ou adoptado, e o aceitamos no nosso coração
que a grande aventura começa.
Para muitas mulheres, o tempo de gravidez é de desconforto, de indisposição, de idas sem
fim ao médico, de muita ansiedade; não é isso que torna um filho mais precioso
mas sim o momento em que ela o vê, o toca, o cheira e o beija. Com um filho
adoptado ocorre o mesmo. Para algumas pessoas, não são meses mas anos de espera, de
entrevistas, de indecisões, de busca, de nervosismo indefinível pelo
desconhecido. Mas no momento em que esses pais seguram na mão de uma criança
declarada sua, é mágico também.
Todos nós fazemos
parte de uma grande família – a família humana. Alguns têm pais que os amam e
protegem, outros passam pela vida sofrendo maus-tratos, abuso, abandono e
rejeição. À medida que o tempo avança, cada vez mais a família sofre o desgaste
desta civilização de stress, de “coisas”, de valores esquecidos. Nem todas as
crianças que estão a nascer neste minuto, terão pais que os queiram, que os
desejem, que tenham aguardado com ansiedade e ternura a sua chegada. Por isso, a meu ver, os que
adoptam, são seres de coração superior, porque persistiriam em
querer o que a natureza lhes negou e por isso esse coração se elevou a amar
algo que não lhes pertencia mas que, por causa do amor, é seu de direito pleno.
Sabe que Deus
Pai também nos adopta como filhos de pleno direito? Quando Ele nos torna membros da
Sua família, temos à nossa disposição toda a riqueza,
toda a herança espiritual que Jesus Cristo, o Seu Filho possui.
Ao escrever o seu evangelho, o apóstolo João usa uma expressão muito linda que fala de adopção:
“Mas a todos os que O receberam, deu-lhes
o direito de serem chamados filhos de Deus, aos que crêem no Seu nome, filhos
nascidos não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas
de Deus”.
Ao afirmar que as pessoas que adoptam crianças estão num nível superior de amor ocorre-me que elas estão a fazer o que Deus faz connosco. Embora seres indignos, pessoas
sem nome espiritual, Ele torna-nos Seus filhos de pleno direito.
Imagine agora um
casal que leva para casa um menino que acabou de adoptar. Preparou com amor um
quarto, roupa, brinquedos, festa para recebe-lo e, em troca, a criança recusa
abraçá-los, beijá-los, chamá-los de pai e mãe. Que dor no coração desses pais! É isso que se passa com Deus o Pai. Ele tem tudo preparado para nós, mas
quantas vezes Lhe viramos as costas e esquecemos o Seu grande amor e o preço que
teve de pagar para nos alcançar.
Não faça isso a
Deus. Receba hoje o Seu grande amor e torne-se um filho Seu com todos os
benefícios e bens que isso lhe vai granjear.
Gostaria de incentivar
as mulheres leitoras a não desistirem de ser mães. O seu ventre pode
estar fechado, mas o seu coração nunca deve cerrar-se ao amor. Algures neste
grande mundo, há um menino ou uma menina à sua espera. Insista e persista em
procurar a criança que um dia terá o seu nome e a quem você poderá chamar com
todo o direito, “meu filho”, “minha filha”.
Texto da autoria de Sarah Catarino retirado do programa de
rádio Mulheres de Esperança (Projecto Ana) produzido pela Rádio Transmundial de
Portugal.
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