sexta-feira, 3 de julho de 2015

Nestas férias cuide do seu interior...#Dia 16




UMA AGULHA CONSAGRADA A DEUS

"...pratiquem o bem, que sejam ricos em boas acções, generosos e amigos de partilhar com os outros..."
I Timóteo 6:18

Quando ouvimos certas pessoas, o nosso coração enche-se de esperança e damos connosco a dizer para nós mesmos: “Ainda há gente boa! O mundo afinal não é tão mau assim...ainda há pessoas que se preocupam em fazer o bem sem outro motivo a não ser ver os outros felizes!”
 
Quem me conhece, sabe que gosto de comparar a nossa vida e tudo o que nela acontece com o conteúdo da Bíblia, a Palavra de Deus. E hoje nesta pequena meditação, quero contar-lhe a história de uma mulher que viveu em circunstâncias e tempo diferentes do nosso, pelo que a sua caridade foi também diferente. 

Esta mulher chamava-se Dorcas. Um nome bem invulgar que significa “gazela” e que, com certeza, condizia com o seu encanto e beleza. Além da beleza, Dorcas tinha qualidades muito úteis: um imenso jeito para costurar e era das suas mãos habilidosas que saíam os vestidos e as túnicas para as viúvas e pessoas mais carenciadas da sua comunidade.

Conhecemos pessoas que até são boas no seu trato, nas suas palavras para com os outros, mas nada mais. Não há acção, não há dádiva. Não sucedia o mesmo com Dorcas. Os seus dias eram passados com a agulha, o dedal, as linhas e as fitas que enfeitavam as roupas dos mais necessitados. De repente, porém, foi o choque completo: Dorcas adoeceu, piorou e morreu. As pessoas que viviam à sua volta não podiam aceitar que alguém de tamanho coração as tivesse deixado, como órfãs. Prepararam-na para o enterro e colocaram o seu corpo no andar de cima da casa onde vivera.

Os crentes daquela comunidade não estavam resignados e por isso procuraram o apóstolo Pedro. Já haviam testemunhado Deus operar milagres através das suas mãos. Talvez pudesse usar o poder divino para trazer de volta à vida uma mulher tão caridosa.

Quando Pedro chegou à casa onde Dorcas se encontrava, de repente um grupo de mulheres rodeou o apóstolo: umas choravam, outras falavam alto e outras estendiam à frente de Pedro os vestidos e as túnicas que as mãos caridosas de Dorcas haviam costurado.

Pedro subiu ao quarto e olhou para a figura pálida em cima da cama. Depois ajoelhou-se e orou. Não sabemos o que conversou com Deus, mas logo a seguir levantou-se e olhando para a mulher morta disse: “Dorcas, levanta-te!” Ela abriu os olhos, como se viesse de um longo sono, depois sentou-se na cama. Pedro estendeu-lhe a mão ajudando-a a levantar-se e desceu as escadas com ela, apresentou-a aos seus amigos que choravam tamanha perda.

Deus manifestou o Seu poder imenso, trazendo de novo à vida, uma pessoa que era tão útil e tão amada. Hoje não vou deter-me a falar sobre o poder de Deus, sobre o que Ele pode e é capaz de fazer, mesmo aquilo que não é possível ser explicado. Mas contei esta história, porque gostava que examinássemos o nosso coração e nos perguntássemos o seguinte: “Será que a minha vida será lembrado por outros? Será que o que faço tem importância na vida de alguém? O que posso fazer de prático para aliviar a infelicidade de alguém que está bem perto de mim? Como posso melhorar a vida de outra pessoa?” 

Hás uns dias, estava num jantar de família e um dos casais acabou de comer  e rapidamente levantou-se. Diante das perguntas óbvias, “então já vão embora? Ainda é cedo”,  responderam que tinham que ir por causa de uma responsabilidade com um vizinho. Quis saber o que se passava e outro membro da família contou que no prédio onde este casal vive, há um homem sem família (porque foi sempre muito maus para os seus e estes agora abandonaram-no). O homem está acamado e a assistência social apenas lhe leva as refeições. São estes amigos que o lavam, que lhe dão a comida à boca 3 vezes ao dia, o ajudam na sua higiene, lhe limpam a casa. Eu não podia acreditar. Perguntei: e até quando? Até ao fim! Responderam.

Olhei para dento de mim e fiquei envergonhada. Ficamos sentados à mesa a conversar, a rir, a confraternizar, enquanto eles corriam para tratar de um homem que não lhes é nada, que nada lhes agradece, mas de quem, se estivesse na terra, Jesus com certeza trataria e cuidaria.

Examinemos então o nosso coração. Será que ele está cheio do amor de Deus, a ponto de nos sacrificarmos pelo próximo?

A história de Dorcas na Bíblia conclui com uma frase interessante: “Isto foi conhecido na cidade de Jope e muitos creram no Senhor”. Quem sabe se as nossas boas obras, ao glorificarem a nosso Pai que está no céu, não levará alguma alma errante ao Senhor? 

Texto da autoria de Sarah Catarino retirado do programa de rádio Mulheres de Esperança (Projecto Ana) produzido pela Rádio Transmundial de Portugal.

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