sexta-feira, 19 de junho de 2015

Nestas férias cuide do seu interior...#Dia 2




A Dor da Perda

"...Uma alegria eterna iluminará o seu rosto, um regozijo transbordante os inundará; as penas e aflições desaparecerão." - Isaías 51:11b

Ao longo da minha vida tenho conhecido mulheres que perderam os seus filhos, nas mais variadas situações e condições de vida. Mas em todas elas há um denominador comum: saudade profunda, vazio que ninguém ou nenhum outro filho pode preencher.


Claro que a nossa cultura e estrutura social podem dar diferentes aspectos à exteriorização dessa dor, mas no fundo, ela nunca deixa de ser a maior, a mais agonizante na vida de uma mulher que é mãe e que sofre a perda de um filho, seja ele criança,seja ele de mais idade.


É principalmente por ocasião da quadra do Natal, nos dias de reunião de família, que sentimos o calor do afecto e da partilha. Mas mesmo sem o exprimirmos em palavras, há sempre um lugar que não é preenchido à mesa nem no coração da mãe – o do filho que partiu.


Pensei por momentos no que teria sentido Maria de Nazaré, quando ficou junto da cruz de Jesus Cristo, vendo o seu querido filho torturado, maltratado, ensanguentado e morrendo inocente. Trinta e três anos antes, um profeta dissera a Maria: Uma espada trespassará a tua alma... Agora, ela sabia e sentia o dilacerar da espada no seu coração. Os evangelhos não relatam que ela tenha falado, desmaiado, gritado ou chorado. A sua figura de dor junto à cruz, era também um sinal de Deus mostrando-nos que, embora bem-aventurados, como ela era, ainda estamos expostos ao sofrimento e à angústia. 


Mas a maior de todas as dores, deve tê-la sentido Deus Pai, quando viu o Seu amado Filho morrer na cruz. A dor de Deus não tinha a ver apenas com o sofrimento infligido a Cristo, mas com o horror da maldição do pecado colocada sobre o ser mais maravilhoso do Universo. 


Os evangelhos dizem que, quando Jesus expirou, o véu do Templo que separava o lugar santo do lugar santíssimo, onde só entrava o sacerdote, foi rasgado de alto a baixo por mão invisível. Naquele tempo, quando um pai perdia um filho, rasgava as vestes como sinal de dor e perda. O rasgar do véu foi o sinal de um Deus que sente as dores dos homens, porque é um Deus de amor e bondade. Rasgou o véu, rompeu o que O separava dos homens, no momento mais crucial da morte do Seu Filho Jesus.


Este Deus que entende a dor, tem na Sua mão a consolação que mais ninguém pode dar neste mundo. Deus Pai compreende uma mãe que perde um filho, mesmo que ela, no seu desespero, acuse Deus de fazê-lo.


Levantemos os nossos olhos da perda que sofremos e comecemos a sentir alegria pelos momentos que vivemos com essa pessoa que tanto amámos. Há recordações que trazem consolo, há palavras e gestos lembrados que são como um bálsamo para o coração. Deus está nesse consolo, nesse bálsamo, se nos chegarmos a Ele. Ele espera-nos.

Texto da autoria de Sarah Catarino retirado do programa de rádio Mulheres de Esperança (Projecto Ana) produzido pela Rádio Transmundial de Portugal.
 

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