terça-feira, 23 de junho de 2015

Nestas férias cuide do seu interior...#Dia 6




DEUS FEZ O MESMO CONNOSCO



"Ele destinou-nos para sermos seus filhos por meio de Cristo, conforme era seu desejo e vontade..." - Efésios 1:5


Há muitos anos conheci um casal que adoptou uma menina. Não podiam ter filhos por questões graves de saúde e optaram pela adopção. Nunca estivera tão perto de uma família com um filho adoptado e, para mim, conhecer a sua vida, o seu modo de agir com aquela criança, foi uma lição de vida que nunca mais esqueço. Na altura, a menina deveria ter perto de dois anos, a idade em que começam a falar e a perguntar tudo. Os pais, desde a primeira pergunta “como é que eu nasci?” pergunta que mais cedo ou mais tarde todas as crianças fazem, contaram à menina que ela viera “do seu coração”.


Quando uma criança ainda de tenra idade entende que veio do coração dos pais, sabe que é aceite, amada, escolhida. Já ouvi pais queixarem-se que os filhos adoptados ficam magoados por esse facto e realmente há factores que envolvem a adopção, alguns deles bem difíceis de gerir, mas o modo como essa criança é aceite e tratada, faz toda a diferença. Na realidade, a paternidade não tem a ver com o património genético que transmitimos a um filho, mas com o momento em que o aceitamos como tal. É esse primeiro instante, nesse segundo mágico quando olhamos para o rosto de um filho, biológico ou adoptado, e o aceitamos no nosso coração que a grande aventura começa. 

Para muitas mulheres, o tempo de gravidez é de desconforto, de indisposição, de idas sem fim ao médico, de muita ansiedade; não é isso que torna um filho mais precioso mas sim o momento em que ela o vê, o toca, o cheira e o beija. Com um filho adoptado ocorre o mesmo. Para algumas pessoas, não são meses mas anos de espera, de entrevistas, de indecisões, de busca, de nervosismo indefinível pelo desconhecido. Mas no momento em que esses pais seguram na mão de uma criança declarada sua, é mágico também. 


Todos nós fazemos parte de uma grande família – a família humana. Alguns têm pais que os amam e protegem, outros passam pela vida sofrendo maus-tratos, abuso, abandono e rejeição. À medida que o tempo avança, cada vez mais a família sofre o desgaste desta civilização de stress, de “coisas”, de valores esquecidos. Nem todas as crianças que estão a nascer neste minuto, terão pais que os queiram, que os desejem, que tenham aguardado com ansiedade e ternura a sua chegada. Por isso, a meu ver, os que adoptam, são seres de coração superior, porque persistiriam em querer o que a natureza lhes negou e por isso esse coração se elevou a amar algo que não lhes pertencia mas que, por causa do amor, é seu de direito pleno.


Sabe que Deus Pai também nos adopta como filhos de pleno direito? Quando Ele nos torna membros da Sua família, temos à nossa disposição toda a riqueza, toda a herança espiritual que Jesus Cristo, o Seu Filho possui.


Ao escrever o seu evangelho, o apóstolo João usa uma expressão muito linda que fala de adopção: “Mas a todos os que O receberam, deu-lhes o direito de serem chamados filhos de Deus, aos que crêem no Seu nome, filhos nascidos não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus”.


Ao afirmar que as pessoas que adoptam crianças estão num nível superior de amor ocorre-me que elas estão a fazer o que Deus faz connosco. Embora seres indignos, pessoas sem nome espiritual, Ele torna-nos Seus filhos de pleno direito.


Imagine agora um casal que leva para casa um menino que acabou de adoptar. Preparou com amor um quarto, roupa, brinquedos, festa para recebe-lo e, em troca, a criança recusa abraçá-los, beijá-los, chamá-los de pai e mãe. Que dor no coração desses pais! É isso que se passa com Deus o Pai. Ele tem tudo preparado para nós, mas quantas vezes Lhe viramos as costas e esquecemos o Seu grande amor e o preço que teve de pagar para nos alcançar.


Não faça isso a Deus. Receba hoje o Seu grande amor e torne-se um filho Seu com todos os benefícios e bens que isso lhe vai granjear.



Gostaria de incentivar as mulheres leitoras a não desistirem de ser mães. O seu ventre pode estar fechado, mas o seu coração nunca deve cerrar-se ao amor. Algures neste grande mundo, há um menino ou uma menina à sua espera. Insista e persista em procurar a criança que um dia terá o seu nome e a quem você poderá chamar com todo o direito, “meu filho”, “minha filha”.

Texto da autoria de Sarah Catarino retirado do programa de rádio Mulheres de Esperança (Projecto Ana) produzido pela Rádio Transmundial de Portugal.

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